quinta-feira, 10 de março de 2016

Literatura Brasileira XIV - 2015.2 - Atividade: Modernismo antes de 1922

Prezada aluna,

Conforme acordo em aula, a prova não foi realizada por falta. Contudo a revisão da matéria se transformou em atividade dirigida. Envie seu trabalho como comentário a este post (caso não caiba, utilize mais de um comentário).

Discorra sobre os assuntos pontuados. (esta atividade conta para a avaliação da Unidade II). Prazo: 15/03/2016

UESB
LICENCIATURA EM LETRAS
LITERATURA BRASILEIRA XIV 2015.2
PROF. CAMILLO CAVALCANTI


REVISÃO DA UNIDADE I (03/12)


Modernismo antes da Semana de 1922

  • Sobrevida das estéticas oitocentistas:
    • velhos paranasianos e velhos simbolistas;
    • neoparnasianos, neossimbolistas e outros;
    • Lima Barreto, Augusto dos Anjos, Monteiro Lobato;
  • Oswald de Andrade e a introdução das vanguardas europeias:
    • Marinetti;
  • A vergonha dos anciãos;
  • A polêmica Anita Malfatti x Monteiro Lobato;
  • Os integralistas na Literatura Brasileira: os grupos e as revistas;
  • Manuel Bandeira e Mário de Andrade mudam de time e negam suas estreias;
  • Os folcloristas;
  • Protomodernismo do Rio de Janeiro;
  • O perfeito cozinheiro;
  • Ronald de Carvalho;
  • Pauliceia desvairada;
  • O banquete no Trianon.

5 comentários:

  1. NOTAS A PROPÓSITO DO MODERNISMO BRASILEIRO

    Amanda Abreu Viana (UESB)

    Quando o português chegou
    Debaixo de uma bruta chuva
    Vestiu o índio
    Que pena! Fosse uma manhã de sol
    O índio tinha despido
    O português.
    Oswald de Andrade

    Afrânio Coutinho no livro “A Literatura no Brasil”, no qual aborda “A crítica Modernista”, sugere que o modernismo foi, no Brasil, a obra de uma geração de espíritos críticos entre os quais nenhum exerceu naquele momento a crítica literária propriamente dita. “Ocorre então, nas origens do movimento, um duplo paradoxo: por um lado, é um processo de criação realizado por espíritos críticos; por outro lado, nenhum desses espíritos críticos levou a efeito, no período heróico, uma notável tarefa crítica” (COUTINHO. 2004, p.591). De encontro à afirmação de Coutinho, Wilson Martins em “A literatura Brasileira: O Modernismo” descreve com precisão o conceito de Modernismo. Mais do que uma simples escola literária ou, mesmo, um período da vida intelectual, o Modernismo foi, [...] toda uma época da vida brasileira, inscrito num largo processo social e histórico, fonte e resultado de transformações que extravasam largamente dos seus limites estéticos. [...] (MARTINS, 1916- 1945, p.12/13) A partir dessas considerações, fica evidente o quão importante foi a Semana de Arte Moderna para o Brasil, que de acordo com Martins “introduziu um novo estado de espírito e foi a mais profunda de todas as nossas revoluções literárias” (MARTINS, 1916- 1945, p.17).
    A partir do capítulo 41, do volume IV, sob os imperativos do título “Simbolismo, Impressionismo e Modernismo”, Afrânio Coutinho nos apresenta a ideia de uma literatura em processo de transformação. No Brasil, ao que tudo indica, o Simbolismo foi marcado por concepções idealistas, ao passo que enfrentou a oposição e a hostilidade, e seus seguidores foram cognominados nefelibatas. Embora adversários do movimento, alguns parnasianos, como Coelho Neto e Alberto Oliveira (1857-1937) foram impregnados Dele. Em 1910, reinava uma atmosfera de dúvida e inquietação e tanto o Simbolismo quanto o Parnasianismo permaneciam intactos.

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  2. Reportando-se às ideias dispensadas a Hibbard, Afrânio Coutinho nos apresenta as características responsáveis por enfeixar a literatura Impressionista, quais sejam elas: registro das impressões; tônica na essência do momento; valorização da cor, luz, ar; reprodução de emoções, sentimento individuais; ruptura com as convenções tradicionais da narrativa; interpretação da natureza; a vida em constantes transformações; a razão sobrepujando as sensações. Os traços preferenciais do estilo Impressionista são a impassibilidade e a impersonalidade, a oposição à sintaxe clássica, o anacoluto (ordem inversa da frase), a supressão da conjunção, o modo imperfeito, o uso de metáforas e símiles, a linguagem expressiva e sonora e a linguagem da fantasia e expressão. Segundo Afrânio Coutinho, tendências como Expressionismo, Futurismo, Dadaísmo e Super-realismo surgem e conduzem à revolução Modernista. As últimas décadas do século XIX e meados do século XX assistiram a uma veloz transformação das artes, da cultura e das letras com a realidade brasileira.
    No século XX, a literatura possui como corrente central a busca da brasilidade e esta se tornou tema importante no Modernismo. Algumas tendências de vanguardas influenciaram esta fase, a propósito do futurismo, do dadaísmo, do cubismo, do ultraísmo, enfim, todos remetendo a uma situação de oposição à tradição literária ocidental. O Modernismo foi inaugurado na Semana de 1922, valorizando o espírito moderno, em detrimento do antigo, do passado. Nele distingue-se uma sucessão de fases e cada uma ofereceu certa unidade geral marcadas por três gerações. A primeira fase de 1922, a 1930, apresenta a ruptura com o passado. Abriu caminho para sua ânsia de pesquisa e liberdade estética. A segunda fase, de 1930 a 1945, colhe os resultados do presente, substituindo o caráter destruidor pela intenção construtiva; e a terceira fase, de 1945 em diante, que assiste ao apuramento formal cada vez mais preciso. No plano da crítica, houve grande contribuição, foi um movimento de âmbito nacional e teve em Mário de Andrade a sua maior expressão.
    Para Afrânio Coutinho, portanto, o movimento modernista produziu uma completa mudança de mentalidade. Foram grandes as suas conquistas, podendo ser sumariadas da seguinte forma: a atualização do Brasil; a libertação do colonialismo mental; o nacionalismo; a revitalização do regionalismo, do tradicionalismo e do folclore; a descentralização intelectual; a consciência da brasilidade, o sentido autônomo da literatura brasileira; o profissionalismo e o diletantismo; a primazia da vida literária sobre a literatura propriamente dita; a questão da língua; a reespiritualização das elites e das massas; a alteração da forma da poesia; a definição da fisionomia da ficção; o aspecto original da crônica; o encontro da literatura dramática com o público mais entusiasta; a crítica não como gênero literário, mas acompanhando o desenvolvimento da literatura.

    Essa tendência renovadora levantou-se principalmente contra a orientação historicista, sociológica ou psicológica, de cunho determinista, a que se devem os principais trabalhos da crítica brasileira anterior. Era o estudo da literatura como um documento de uma época, sociedade, raça ou grande individualidade, jamais como monumento estético (COUTINHO, 2004, p. 379).

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  3. O Modernismo foi grande em tendências e seus resultados mostram que o equilíbrio entre o novo e o clássico foi reconquistado. Assim, Afrânio Coutinho enfoca três momentos importantes. Em relação ao Simbolismo, acentua a crítica de Machado de Assis, por meio do Realismo transfigurado. Cabe ressaltar que Afrânio Coutinho caracteriza a prosa impressionista, dando espaço para um estilo pouco apontado por demais historiadores, também incorpora o termo decadentismo, que, segundo ele, é posteriormente chamado de Simbolismo, no qual predominavam os dados impessoais, as sinestesias, o onírico, entre outros.
    Nacionalista exacerbado, Lobato causou polêmica ao publicar em 20 de dezembro de 1917 no jornal O Estado de S. Paulo o contundente artigo intitulado “Paranoia ou Mistificação – a propósito da Exposição Malfatti”, no qual ataca a arte moderna, de forma a rebaixar seu valor, caracterizando um dos episódios mais controversos na vida do escritor. Embora demonstrasse profundo desgosto pela nova estética que propunham os modernistas, o escritor não deixa de reconhecer as qualidades da artista. São evidentes os elogios de Lobato a Malfatti, no que diz respeito ao seu talento, porém, sua crítica consistia em atacar a orientação estética a que a artista estava filiada.
    Monteiro Lobato, mesmo de fora do movimento, exercia um papel importante na elite paulista da época e gozava de extremada reputação, daí a enorme repercussão da crítica contra a artista. A causa de ataques tão vorazes por parte de Lobato foi à defesa da permanência de um estilo estético conservador, e, devido a tais julgamentos, o estilo de Anita nunca mais seria o mesmo. Portanto, a “carga emocional” com que foi tratado o caso Anita, pondera Wilson Martins, torna “quase temerário tentar encará-lo com objetividade” (1965, p. 25).
    Naquilo que respeita as vanguardas artísticas europeias, Coutinho e Martins nos informam que elas representam importante marco na história da arte. Sua principal característica foi a de buscar novas formas expressivas ou até romper com que se vinha fazendo até então nas artes. Sua grande aspiração ao novo, ao moderno, ao diferente fez dessas vanguardas uma parte grandiosa da história da arte, além de inspiradora para os outros países e determinante para mudar a forma de pensar e agir da sociedade a partir de então. A influência das vanguardas europeias chega ao Brasil no início do século XX e tem seu ápice na Semana de Arte Moderna de 1922.
    Em 1921, porém, houve o primeiro encontro de artistas modernistas, manifestando sua ideologia no Manifesto Trianon, durante um banquete no Trianon em homenagem a Menotti del Picchia. Na ocasião, Oswald de Andrade faz um discurso inflamado, afirmando a chegada da revolução modernista em nosso país. Não obstante, em termos de recuo temporal, "O perfeito cozinheiro das almas deste mundo" pode ser lido como um dos momentos em que o Modernismo começou a ser estruturado em palavras. Em 1918 – quatro anos antes da Semana de Arte Moderna –, Oswald de Andrade alugou uma garçonnière na rua Líbero Badaró, em São Paulo. Na entrada, colocou um caderno de amplas dimensões, para que os visitantes pudessem deixar mensagens ou qualquer tipo de escrito. Nessa confraria, os modernistas escreveram um diário coletivo, culminando no livro “O Perfeito Cozinheiro das Almas deste Mundo”, com cerca de duzentas páginas, expondo a intimidade daquelas pessoas com cartas, recados, recortes, colagens, cores, tintas, desenhos, poesias, prosa e um pouco do pensamento pré-modernista do grupo, que mais tarde explodiria com a Semana de Arte Moderna. Portanto, foram vários os fatos que contribuíram para a Semana de Arte Moderna de 1922. Em 1912, por exemplo, Oswald de Andrade chega da Europa influenciado pelo Manifesto futurista de Marinetti, funda o irreverente jornal O Pirralho e, em suas páginas, critica a pintura nacional.

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  4. O Modernismo brasileiro ergueu-se a partir do princípio de vanguarda da aproximação entre arte e vida, arte e sociedade. Para Oswald de Andrade, a arte tão elaborada quanto radical do Modernismo deveria superar o elitismo e atingir a todos, pois somente assim cumpriria seu papel, considerado revolucionário por vezes. O movimento não buscava só atualizar a situação estética brasileira, ao se apropriar das conquistas formais das vanguardas europeias, mas ainda – como aquelas vanguardas, aliás – operar transformações culturais que tornassem a vida mais poética.
    Por vias distintas das de Oswald, a pesquisa e a valorização que Mário de Andrade conferia à cultura popular brasileira, chegando ao folclore, eram também esforços para achar bases vivas e coletivas da arte que a tirassem do espaço restrito das elites a par do que se passava na Europa. Seja de cima para baixo, seja de baixo para cima, portanto, o movimento modernista queria poetizar a sociedade e socializar a poesia. Nisso, então, a vanguarda brasileira se alinhava com as vanguardas internacionais, o que não quer dizer que apenas as copiava. Para Mário de Andrade, a música mais plenamente brasileira seria aquela que se utiliza de elementos e motivos folclóricos, entendidos como fonte da nacionalidade pura, e os transforma em música artística, ou seja, os reestrutura na linguagem erudita para convertê-los em música “civilizada”. A manutenção desta divisão hierárquica entre a produção musical folclórica (mais rudimentar) e a erudita (mais elaborada) evidencia o compromisso da doutrina modernista com a preservação da ordem estabelecida e torna claros os limites da inovação preconizada pelo movimento.
    Rompendo radicalmente com as obras anteriores de Mário de Andrade, “Paulicéia Desvairada” faz uma análise do provincianismo e da sociedade paulista do começo do século XX. Entre outros aspectos, “Paulicéia Desvairada” surgiu em um cenário de mudanças em São Paulo, que ganhava uma paisagem cada vez mais urbana e menos rural. Além disso, naquele período teve início o processo de explosão demográfica na cidade e a chegada dos imigrantes de diversos países.
    A propósito de Ronald de Carvalho, Coutinho lembra que o poeta vinculava-se – no início de sua produção – a uma linhagem simbolista e parnasiana já decadentes (COUTINHO, 2004, 337; 345. v.4) e que, ao lado de Luís de Montalvor, foi um dos idealizadores da revista “Orpheu”, além de ter sido figura atuante da Semana de Arte Moderna (COUTINHO, 2004, 102. v.5). Em poesia, Ronald de Carvalho é eclético, pois adaptou o espírito e a sensibilidade a todos os gêneros literários durante sua limitada vida. Ronald figurará em nossas letras como um dos escritores mais cultos da sua geração. Realizou, como historiador literário, ensaísta, crítico e poeta, um conjunto de obras, definitivo. (COUTINHO, 2004, 544. v.4).
    Naquilo que respeita a arquitetura e sua alimentação modernista, podemos falar do protomodernismo, quando surge então em um período transitório entre o ecletismo e o Modernismo, que pode ser considerado uma manifestação arquitetônica limitada pelo tempo e pouco definida, mas que colaborou para a renovação arquitetônica urbana dos grandes centros do país a partir da década de 1920. As obras proto-modernas deveriam conciliar os princípios consagrados pela tradição com a atualização tecnológica, a adequação aos novos programas, o uso das técnicas construtivas disponíveis e atuais da época e a preocupação com as condições climáticas. Elas apresentavam características que faziam alusão ao estilo Moderno, no entanto o estilo eclético também estava presente.

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  5. A união em prol da revolução, porém, não tardou a corromper-se e, entre 1922 e 1928, multiplicaram-se os grupos rivais, os manifestos antagônicos e as inúmeras tendências que marcaram o período. Às diretrizes indefinidas da revista Klaxo, seguiram-se o Manifesto Pau-Brasil de Oswald de Andrade e as tendências nacionalistas lideradas por Plínio Salgado, para culminar com a Antropofagia, também de Oswald que liquidou com as tentativas de unificar o movimento modernista. Se a guerra ideológica fragmentou o movimento, é possível afirmar que em seu conjunto essa fragmentação possibilitou uma abordagem completamente diversificada da vida brasileira.
    O verdeamarelismo, no entanto, respondia ao nacionalismo do Pau-Brasil e criticava o “nacionalismo afrancesado” de Oswald. Sua proposta era de um nacionalismo primitivista, ufanista, identificado com o fascismo, evoluindo para o Integralismo de Plínio Salgado (década de 30). Idolatria do tupi e anta é eleita símbolo nacional. Em maio de 1929, o grupo verde-amarelista publica o manifesto “Nhengaçu Verde-Amarelo - Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta”.

    Referência Bibliográfica:

    COUTINHO, Afranio. A Literatura no Brasil: Era Modernista. 7ª ed. Vol. 5. São Paulo: Global, 2004.
    MARTINS, Wilson. A Literatura Brasileira: O Modernismo. Vol. VI. São Paulo: Cultrix, 1916-1945.

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