quarta-feira, 13 de abril de 2011

Novos Rumos da Estilística - Módulo 1 Introdução

O que é Estilística?

Esta pergunta provoca discórdias, já de início. Muito soberbas, Linguística e Literatura se divorciaram durante o século XX, em plena Era dos Extremos, cobrando a maternidade de tal disciplina. Intencionalmente ou não, a Estilística ocupa o lugar intermediário e poderia servir de reconciliação.

A Estilística nasce como prolongamento das questões levantadas por Saussure. Os estilicistas ambicionavam compreender a afetividade consubstanciada no discurso. Perceberam, então, que havia um fenômeno particular na expressão: o acidente semântico. Desta feita, assinalaram as variações de sentido ocasionadas pela subjetividade falante. Aqui, é importante a distinção entre sentido e significado, que nem sempre tem valia para outros estudos.

Charles Bally (suíço francófono) e Karl Vossler (alemão) foram pioneiros, tomando, entretanto, rumos divergentes. Bally acreditava que os recursos linguísticos eram os responsáveis pelo acidente semântico, simplesmente acionados pelo falante de acordo com suas necessidades. Já Vossler pensava o contrário: a subjetividade falante regeria os recursos. É a velha discussão do ovo e da galinha, sem maiores benefícios. O que valeu mesmo foi a abertura do debate. Leo Spitzer se torna figura essencial, buscando uma ciência entre linguística e história, o que culminou nos atuais "estilos de época".

A partir dos pioneiros, a Estilística se desenvolveu por toda a Europa, encontrando na Espanha grandes reverberações. Dámaso Alonso e Amado Alonso se destacam como líderes, ao lado de Carlos Bousoño. A principal ideia dessa escola é muito perspicaz: o significante possui diversos "significantes parciais" e o significado, diversos "significados parciais". As relações horizontais (entre significantes parciais ou entre significados parciais) e verticais (entre ambos) compunham o organismo poético.

Outro nome da Estilística é Erich Auerbach, com sua obra-prima Mimesis. Ele pensou a obra literária num real específico, e suas relações com o real histórico. Buscou a conexão entre a ideologia e a produção literária.

Na França, A estilística de Pierre Guiraud é o texto-base até hoje.

Talvez a última referência da Estilística seja Michael Riffaterre, com sua Estilística estrutural, já na década de 70.

No Brasil, M. Cavalcanti Proença é o principal representante. Basta ler Augusto dos Anjos e outros ensaios ou Roteiro de Macunaíma para confirmar. Outra figura relevante foi Othon Moacyr Garcia (cf. Esfinge clara e outros enigmas). Autor quase desconhecido hoje é Oswaldino Marques (cf. A seta e o alvo). Soma-se ao grupo Eduardo Portella, em sua fase inicial, sob fortes influências da Estilística Espanhola (porque lá estudou), o que foi diminuindo drasticamente até 1970, ano em que aparece como hermeneuta. Cabe lembrar que nenhum desses autores seguiu uma Estilística nem pura, nem apurada; desenvolveram todos métodos híbridos com o estruturalismo e ou a hermenêutica, de forte tradição em nosso país.

Entre os argentinos, nossos amigos e vizinhos, Raul Castagnino (cf. El análisis literário) merece atenção, pelo esforço de projetar uma Estilística portenha. Sua obra teve algumas traduções brasileiras.

Exercício: pesquisar na Wikipedia os nomes citados e fazer fichamentos. Lançar como comentário à postagem, com NOME CIVIL para identificar o participante.
Prazo: 9 de maio

Um comentário:

  1. Erich Auerbach

    1 Erich Auerbach nasceu em 09 de novembro, 1892 em Berlim. Era filólogo e estudava literatura comparada. Em 1950, tornou-se professor da Universidade de Yale. Morreu em 1957. Seu principal trabalho foi Mimeses, uma história da representação na literatura ocidental dos tempos antigos até os modernos.

    2 “Mimese compreende, entre outros e relevantes aspectos, uma abordagem original da questão da representação da realidade e do foco narrativo em obras emblemáticas da literatura ocidental, partindo de textos antigos da cultura greco-latina até contemplar autores da modernidade como os irmãos Jules e Edmond de Goncourt e a novelista e ensaísta britânica Virginia Woolf”. Erich Auerbach

    1- http://pt.wikipedia.org/wiki/Erich_Auerbach
    2- http://www.cronopios.com.br/site/ensaios.asp?id=3208

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